terça-feira, 31 de maio de 2016

Da dura poesia concreta de tuas esquinas

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Milhares de pessoas caminham num ritmo frenético por São Paulo todos os  dias, cada vez com menos tempo para as coisas, é tudo para “ontem”. Será que existe tempo para o amor?

Quando o rapper Criolo canta que “Não Existe Amor Em SP”, com acordes melancólicos e versos que exaltam a tristeza do ser paulistano, somos coagidos a acreditar que o labirinto místico em que os grafites gritam, como diz a canção, deixa seus habitantes mais longe um do outro.

Com 11,97 milhões de cidadãos (IBGE), observada de cima parece ser uma Selva de Pedra, impenetrável e cinza. E essa reputação é notável, já que existem cerca de 6,7 mil prédios em São Paulo, de acordo com a companhia alemã Emporis – especializada em coleta de dados sobre construções ao redor do mundo, o que muitas vezes nos dá a impressão de sermos “engolidos” pela
São Paulo carrega, também, a fama de nunca parar. “Por conta da vida corrida, trabalho, trânsito, tecnologia, as pessoas têm menos tempo para aquele bate papo de final de tarde, e até os almoços de domingo estão acabando”, diz a psicóloga formada pela Universidade Paulista, Eliza de Paula. Acrescentando também que em seus 26 anos de prática clínica, o que tem visto com mais frequência é a queixa sobre a solidão como consequência dessa rotina caótica.

O que nos leva ao paradigma de que não vivemos em São Paulo, sobrevivemos. Mas não é bem assim. Somente quem mora na capital sabe que existe sim, beleza nas pequenas coisas, e também que, o caos pode se transformar em poesia.

Mais amor, por favor

É poesia que fez o artista visual de 28 anos, Ygor Marotta. Há sete anos, ele iniciou uma campanha na qual se espalhava cartazes com a frase “mais amor, por favor” pelas ruas da cidade. Em seu site, explica que “é um pedido, uma imploração (mas com educação) em meio a toda agressividade, indiferença e velocidade de uma metrópole”.

Quando perguntado se depois de todos esses anos, o pensamento continuava surtindo efeito, ele diz que “a mensagem quando escrita na rua, desperta amor nas pessoas. É um lembrete para elas exercerem amor no dia a dia”.

Ygor completa articulando que “Mais amor, por favor, tenta resgatar o amor nas pessoas, fazer com pensem a respeito, se questionem se o que elas fazem é realmente amor, no trabalho e na vida social, pequenas atitudes transformam o nosso entorno”.

Não somente de mensagens que o amor em São Paulo pode ser visto. Existem ainda, vários projetos sociais espalhados pela cidade. Somente na região do centro, são cerca de 50 projetos cadastrados no Centro de Voluntariado de São Paulo. E qual a melhor forma de demonstrar o amor se não, ajudando ao próximo.

A loja a céu aberto



Foi desse modo que as estudantes da Fundação Getúlio Vargas criaram em agosto de 2015, o “Cabide Solidário”. Seguindo os moldes da iniciativa internacional chamada The Street Store, a proposta era montar uma loja na rua a céu aberto, de forma que os moradores de rua e pessoas necessitadas entrem naquele espaço, podendo assim, escolher as roupas que queiram.

“A princípio a gente entrou em contato com o The Street Store só que o processo é um pouco burocrático, eles precisariam enviar pra nós alguns materiais e apresentávamos certa urgência em fazer aquilo, já que a gente estava no meio do inverno, e antecipadamente começamos a recolher as
roupas”, conta Nátaly Santos, de 21 anos, integrante do projeto. A estudante completa dizendo que fez várias parcerias em bastantes lugares para conseguir arrecadar as roupas, e conseguiram mais de mil peças. Nessa ação, cerca de 50 moradores foram recebidos no espaço.

“O nosso principal objetivo é tentar aumentar a autoestima das pessoas. Ela pode escolher a peça de roupa que quer, não é algo que eu simplesmente estou dando, existe a possibilidade de escolha. Então eu diria que é uma demonstração de amor. É uma forma de carinho e preocupação com o próximo”, conclui Nátaly.

Sentimento do mundo





“Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo” são as primeiras duas estrofes do famoso poema Sentimento do mundo, de Carlos Drummond de Andrade, mas de duas em duas mãos até que dá para fazer uma grande mudança né?

Foi em 2015 que dois professores tiveram a ideia de começar o projeto “Sentimento do Mundo”. Gustavo Batista, 26 anos e Rafael Rocha, 30 anos, professores do cursinho Objetivo, tiveram a iniciativa quando “perceberam que os alunos viviam dentro de suas “bolhas sociais” e não ajudavam em nada na sociedade, a quem precisa. Então decidiram começar a fazer ações para ajudar o próximo e impactar a vida dos alunos.” Diz Giuliana Menezes, 21 anos, integrante e hoje, cuida do marketing do projeto.

Hoje eles contam com uma média de 30 alunos participando de cada ação social, que acontece em casas de repouso, orfanatos, casas de ajuda para crianças com câncer, levam roupas, cobertores e marmitas para os moradores de rua.

Alguns também dão aula de reforço na ONG Florescer, localizada em Paraisópolis. “As pessoas são individualistas demais às vezes, mas acho que se fizerem um pouquinho só todos os dias, já ajudaria muito cada um. Conheço muita gente boa que está disposta a ajudar o próximo.” Disse a garota ao
contar um pouco de sua experiência de professora na comunidade.

E é assim que São Paulo é habitado, por pessoas que se importam. Ainda que existam males, e com certeza há, não restam dúvidas de que existe amor em SP. Por mais que ele possa ter se tornado invisível de uns tempos pra cá, não precisamos ir longe, é só olhar ao redor para acharmos.

Amor em meio ao caos


Foi olhando ao redor que Valéria Françozo, 48 anos e Sergio Nunes, 54 anos, encontraram o amor. Os dois moravam na avenida Imirim e trabalhavam na mesma região do centro de São Paulo. Pegavam o mesmo ônibus todos os dias e mesmo com todas essas coincidências, não se conheciam. Até que um dia ela precisava descer no ponto e ele obstruía a passagem, foi naquele momento que trocaram as primeiras palavras “você vai descer aqui?” ele se impressionou ao vê-la. Depois desse dia começaram a reparar um no outro todos os dias, até hoje, com 21 anos de casados.

Para quem quiser saber um pouco mais sobre cada projeto, vou deixar os links de cada um aqui:

Projeto Sentimento do Mundo:

Facebook: https://www.facebook.com/projetosentimentodomundo/?fref=ts

Mais amor por favor:

Facebook: https://www.facebook.com/maisamorporfavor/timeline
Site: http://ygormarotta.com/mais-amor-por-favor

Cabide solidário:

Facebook: https://www.facebook.com/cabidesolidarioae1/?fref=ts


Beeeijos,

Carol Huertas.

* Matéria feita com Bruna Liu ( http://brunaliuz.blogspot.com.br/ )

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