quarta-feira, 28 de setembro de 2016

#Vcnãoestásozinha - Anorexia, padrão de beleza e septicemia.

(Créditos: weheartit)

O depoimento de hoje é sobre anorexia. Lembre-se: Você não está sozinha, muitas já passaram e passa pelos mesmos problemas que você.

História 2 - Anorexia, padrão de beleza e septicemia

"Essa auto-aceitação é uma coisa que tá cada vez mais difícil de se ver, pra mim por exemplo, não surge do dia pro outro, é um exercício diário, lento, tem seus altos e baixos, mas ela acontece."


"Desde pequena nunca aceitei muito meu corpo. Sempre achava que tinha algo ou sobrando ou faltando. Em 2014 fui fazer intercambio e por ter pego uma família bem ruim acabei tendo uns problemas com comida por lá e emagreci um pouco. Quando eu voltei, coloquei na minha cabeça que essa seria minha meta: emagrecer e tentar entrar nesse padrão "instagram", sabe? 

Comecei  uma dieta e a fazer muito esporte. Então logo eu perdi peso e entrei num ciclo meio vicioso. Dentro disso também estavam algumas meninas da minha antiga sala. Meus pais perceberam que estava virando uma obsessão,  resolveram conversar comigo e procurar um médico para me ajudar.


O mais difícil disso tudo foi admitir para mim mesma que isso não estava normal e eu estava com anorexia.  Ano passado foi isso, até que perto do final  eu precisei ser internada, pois meu sistema imunológico estava muito baixo  e eu estava com um começo de septicemia (infecção generalizada). 

Acho que foi a partir dali que eu vi que minha saúde é uma só e procurei um médico para levar a sério o tratamento. Além de mim, mais 3 meninas da minha sala foram diagnosticadas com a mesma doença ano passado. Uma das piores coisas da anorexia, é que é uma luta diária de auto-aceitação, é lutar contra sua própria cabeça que parece que sempre quer que você coma menos e emagreça mais.

Quanto a brincadeiras, já fizeram sim. Daquelas mais bestas de quando a gente é criança, mas acaba ficando na cabeça sabe? Acho que isso mexeu bastante comigo no começo da puberdade, já deixei de usar algumas roupas quando acreditava que deixava a mostra algumas imperfeiçõezinhas. 

Uma vez depois que eu emagreci, um amigo meu muito próximo chegou a comentar que me preferia na "versão anterior", foi um dos momentos que eu percebi que se eu tenho que mudar alguma coisa, eu tenho que mudar pra eu me sentir bem, e não para agradar alguém. 

Quando eu estava fazendo dieta mudei muito meus hábitos alimentares e deixei de comer várias coisas que eu gostava, lembro que de um dia pro outro parei de tomar nescau com leite e comer pão na chapa, simplesmente por considerar  que aquilo não saudável e que iria contra a dieta. 

Eu melhorei bastante quanto a minha confiança e auto-estima, ainda tenho momentos no qual a minha confiança dá uma desestabilizada, confesso, mas hoje me considero bonita do meu jeito, sabe?

Já quis fazer mudanças no meu corpo, minha família toda materna sempre teve muito culote e era horrível para eu comprar calça. Ficava larga na cintura e justa no quadril, desde pequena. Minha mãe já chegou a fazer sessões de drenagem linfática há alguns anos e eu me lembro de pedir pra minha mãe para fazer também. 

Eu estudei uma época numa sala onde só tinham alemães, e eu me enxergava totalmente diferente do biotipo das alemãs. 

Sobre esse padrão estético que existe, eu acho péssimo, péssimo mesmo. Péssimo porque falta MUITA pluraridade na mídia. A mulher "bonita" é sempre magra, alta, branca, barriga chapada e pernas finas. Falta entender que a palavra bonita não está ligada a ser magra, gorda, pequena, alta, branca ou negra. Eu acho que falta entender que cada um tem sua beleza. E essa auto-aceitação é uma coisa que tá cada vez mais difícil de se ver, pra mim por exemplo, não surge do dia pro outro, é um exercício diário, lento, tem seus altos e baixos, mas ela acontece."

Laura, 18 anos.

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