domingo, 3 de abril de 2016

Cansada de mergulhar na sua confusão, preciso imergir em mim mesma.


Estou indo embora. Já recolhi minhas lembranças e promessas. Prometo não deixar nenhum vestígio meu pra você não pensar que eu quis apenas pregar uma peça. Dessa vez é sério, não posso mais continuar por aqui. Você me ameaça dizendo que se eu for, irei te perder, mas meu bem, essa é a questão, preciso te perder pra me achar.

Não sou mais a mesma desde que te conheci, você me mudou muito, transformações boas em maior parte, mas algumas que sinceramente, eu não sei se estão me fazendo bem. Me sinto como se tivesse sido jogada ao mar e continuado na água, indo cada vez mais fundo. Não como como um mergulhador que afunda vasculhando tudo o que tem em volta, registrando na memória todas as cenas incríveis que vê, mas como um náufrago que apenas vai cada vez mais fundo, sem controle, perdendo a consciência aos poucos, sem saber onde vai chegar e em alguns momentos até tentando nadar, porém, sem sucesso. 

Eu não quero ser náufraga e afundar na sua imensidão sem saber o fim, não quero me sentir perdida, ter a sensação de nadar, nadar, nadar e no fim, ser em vão. Eu quero nadar sabendo que vou chegar a algum lugar, saber que meus esforços e meus sacrifício vão me levar pra algo mais profundo, mas que não me encha de medo e insegurança, porque todos sabem que você não quer chegar em lugar nenhum e isso pra mim já não faz mais sentido, estou cansada de me afogar. 


Peço que não fique com raiva de mim, não espero que entenda, porque a confusão já atingiu o meu interior e no momento só eu consigo enxergar. Mas espero que compreenda uma coisa, sou (ser)eia e preciso ser, ser algo, ser minha, ser consciente dos meus atos, das minhas vontades, repito, minhas, dessa vez te agradar não é prioridade, por mais que eu te ame. 

Me sinto como se olhasse no espelho e não reconhece-se o reflexo, sabe aquela sensação boa que sentimos quando entramos num mar tão translúcido que enxergamos nossos pés ao fundo? É essa sensação que eu quero, clareza, quero me entender, me enxergar, me reconhecer. Mas no momento me vejo apenas em um mar remexido, daqueles que têm tantas ondas que a areia se levanta do chão e se mistura na água, dando outro aspecto pro mar e impedindo essa transparência.

Sempre gostei dessa confusão, a primeira vista era uma ventura pra mim e cá entre nós, sou apaixonada por aventuras. Suas ondas eram uma tentação, eu até queria me afogar e beber um pouco da sua água, mas até o mais sagaz aventureiro, depois de um tempo quer uma tranquilidade, busca terra firme. Me mantive na sua instabilidade por um tempo recorde em comparação às minhas últimas trajetórias, você me pegou de jeito, sua maré me puxou para ti e me rendi, talvez esse seja o problema. Eu tinha esperanças de que seu ritmo uma hora acalmasse ou pelo menos encontrasse um rumo, mas fui tola, você gosta dessa confusão. 

Não pense que é fácil deixar tudo para trás, que não vou sentir saudade do seu cheiro ou dos nosso intensos mergulhos. Mas chegou a hora de mergulhar de mim mesma, buscar um pouco de ar, talvez até ser o próximo mar conturbado que alguém vai mergulhar, mas antes, preciso saber o que eu quero ser e mesmo me sentindo sem rumo, sei que por aqui não vou me achar....

Carolina Huertas


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